Redação dos professores: "Violência e segurança pública" - Unievangélica

Aprendendo com os professores | Unievangélica | "A seletividade da violência estatal como obstáculo à segurança pública nas periferias brasileiras"

    Nesta publicação, você poderá conferir o parágrafo produzido pelos professores da Argumento: Gleisse, Hugo, Liliane e Vinícius, no gênero dissertação aberta, desenvolvidos a partir do tema “A seletividade da violência estatal como obstáculo à segurança pública nas periferias brasileiras”. Este material serve como referência prática para os alunos interessados no vestibular da Unievangélica.


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Confira a coletânea completa para compreender o texto abaixo e use-a para praticar sua redação rumo ao vestibular da Unievangélica.

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Entre a farda e a exclusão: insegurança pública no Brasil

Segundo John Locke, “uma sociedade política só se constitui quando cada indivíduo abre mão de parte de sua liberdade natural e deposita na comunidade a confiança para garantir a proteção de seus direitos”. Entretanto, no Brasil atual, mesmo cada brasileiro cedendo um pouco a sua liberdade natural, a confiança no poder público em relação à segurança pública está cada vez mais fragilizada, uma vez que as abordagens policiais são seletivas e recaem com maior violência sobre os marginalizados, como exemplifica a chacina de cinco jovens negros ocorrida em 2015 na zona norte do Rio. Logo, é fato que a seletividade da violência estatal é um entrave à segurança pública tanto por reforçar a estigmatização das populações periféricas, vistas como inimigas em potencial, quanto por romper a confiança entre cidadãos e instituições.

Diante desse cenário, vale pontuar que a violência, ao se expressar por meio do tratamento desigual nas periferias, aplicado nas periferias consolida a criminalização da pobreza, uma vez que associa a figura do jovem negro e de baixa renda à ideia de periculosidade. O Estado, ao defender a atuação ostensiva da polícia e a criação de instituições como o Ministério da Segurança Pública, afirma estar promovendo proteção coletiva, mas a prática cotidiana revela um quadro de abusos direcionados aos grupos mais vulneráveis. Não por acaso, quase 90% dos mortos pela polícia em 2023 eram negros, segundo a Rede de Observatórios da Segurança, o que evidencia como a violência institucional perpetua um ciclo de exclusão e de preconceito, revelando-se como mecanismo de manutenção das desigualdades estruturais.

Ademais, nota-se que, quando atua de forma seletiva e desigual, o Estado não garante segurança, por isso, a população deixa de acreditar nas instituições. Em entrevista à CNN 360, o coronel José Vicente, especialista em segurança pública, criticou o decreto que define o uso de armas de fogo por policiais e destacou que, de 2023 a 2024, a letalidade policial aumentou 160% no Mato Grosso-do-Sul, 80% em  Santa Catarina e 70% no Distrito Federal. Esses dados evidenciam a violência institucional, que compromete a segurança pública e viola direitos fundamentais, tais como a dignidade dos cidadãos. Dessa forma, ao executar, de forma desproporcional, principalmente pobres e negros moradores de periferia, negando-lhes o direito de defesa e julgamento justo, o Estado leva os cidadãos a se sentirem abandonados e perseguidos.

Logo, constata-se que, em vez de garantir direitos, o poder estatal reforça a criminalização da pobreza ao estigmatizar as periferias como inimigas em potencial, rompendo a confiança entre cidadãos e instituições e distanciando-se do ideal de proteção coletiva defendido por Locke.

Professores da Argumento

Legenda de cores

  • Laranja → Repertório sociocultural
  • Azul → Operadores argumentativos
  • Roxo → Tese
  • Amarelo → Argumentos 1 e 2
  • Sublinhado → Análise do repertório / do tema

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