Destaque da Semana:
Nossa aluna Emanuely Elisa conquistou o destaque da semana ao desenvolver o tema “A importância do ócio na sociedade contemporânea”. Orientada pela professora Livia Lopes, produziu um texto no gênero artigo de opinião, direcionado ao vestibular da PUC.
Para conhecer a proposta de redação completa e se desafiar com o mesmo tema, basta acessar o link abaixo.
Confira a coletânea completa
Confira a coletânea completa para compreender o texto abaixo e use-a para praticar sua redação rumo ao vestibular da PUC.
Abrir coletânea (PDF)O ócio na sociedade do cansaço
Na obra “Sociedade do Cansaço”, meu colega de profissão, o filósofo Byung-Chul Han afirma que vivemos em um tempo de cobrança constante, em que todos se sentem pressionados a produzir cada vez mais e na qual o ócio, muitas vezes confundido com preguiça e inutilidade, tornou-se quase um tabu. Eu mesma percebo como, em nossa sociedade, estar constantemente ocupado é tratado como sinônimo de sucesso, enquanto qualquer pausa ou “vazio” é visto como desperdício. No entanto, sinto que essa mentalidade cobra um preço alto para o nosso bem-estar, tanto coletivo quanto individual. Ao ser convidada a refletir sobre esse tema, reconheço que repensar o papel do ócio é urgente, sobretudo quando vejo na lógica capitalista a principal causa da sua desvalorização e, nos problemas de saúde mental, a consequência mais evidente e dolorosa.
Cresci ouvindo que “tempo livre é tempo perdido” e vendo adultos transformarem cada minuto em tarefa. Percebo, hoje, como essa mentalidade capitalista está na raiz da desvalorização do ócio, ensinando-nos a produzir sem pausa e levando muitos ao esgotamento. Essa lógica, que parece naturalizada, transforma nossas rotinas em longas jornadas de trabalho, muitas vezes repletas de afazeres desnecessários, que, a médio e a longo prazo, resultam em esgotamento e em queda de desempenho. Prova disso é uma notícia que li recentemente no G1: 81% dos trabalhadores brasileiros afirmam estar esgotados, 60% dizem não ter disposição para trabalhar e 67% relatam sentir a obrigação de provar continuamente seu valor. Ao ler esses dados, reconheci em mim e em tantos outros essa mesma fadiga cotidiana. O culto à produtividade insiste em nos tratar como se fôssemos engrenagens de uma grande máquina, ignorando um fato simples, mas vital: somos humanos, e precisamos de pausa para existir plenamente.
Como consequência dessa desvalorização do ócio, percebo que os problemas de saúde mental se tornam cada vez mais recorrentes entre nós. Muitas vezes me pergunto: o que, de fato, provoca esse adoecimento coletivo? A resposta me parece clara: fomos ensinados a produzir em excesso todos os dias, sob constante pressão, sem descanso e sem tempo para cuidar de nós mesmos. Eu mesma já senti como esse ritmo leva ao esgotamento emocional, abrindo caminho para ansiedade, depressão e até o famoso “burnout”. Dados da Lifespan Healthcare, sistema de saúde dos Estados Unidos, mostram que a multitarefa está associada a sintomas de depressão e ansiedade — e vejo o reflexo disso na realidade brasileira, onde a busca por produtividade não dá trégua. Além disso, sinto que essa corrida incessante por resultados nos rouba o tempo de descanso e de reflexão, afastando-nos daquilo que deveria ser prioridade: a verdadeira felicidade.
Portanto, sinto que é urgente, para mim enquanto cidadã, defender uma mudança profunda na forma como nossa sociedade enxerga o ócio. Não se trata de um inimigo da produtividade, mas de um aliado indispensável da criatividade, da saúde e da qualidade de vida. Reconhecê-lo assim é abrir caminho para transformar a lógica capitalista que nos aprisiona e, com isso, reduzir os transtornos que tanto nos afetam.
Comentários
Postar um comentário